sábado, 28 de abril de 2012

Ensinamentos do xamanismo tolteca (mexicano).


Ensinamentos do xamanismo tolteca (mexicano).
Diz Don Juan, mestre de Castañeda:

Muita luz é como muita sombra: não deixa ver.

Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o quantas vezes julgar necessário. Então, faça apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, ele não tem a menor importância.

A chave para todos esses mistérios de impecabilidade é o sentido de não ter tempo. Via de regra, quando você age como um ser imortal que tem todo o tempo do mundo, você não é impecável. Você deveria virar-se, olhar em volta e aí compreender que sua impressão de ter tempo é uma idiotice. Não há sobreviventes nesse mundo. Você deve agir sem acreditar, sem esperar recompensas, agir só por agir.

O poder está no tipo de conhecimento que se tem. De que adianta saber coisas inúteis? Elas não vão nos preparar para o encontro inevitável com o desconhecido.

Nós não nos damos conta de que podemos cortar qualquer coisa de nossas vidas, a qualquer momento, num piscar de olhos.

Há muitas coisas que um guerreiro pode fazer, em determinado momento, que não poderia ter feito anos antes. Essas coisas não mudaram; o que mudou foi a idéia do guerreiro sobre si mesmo.

O caminho do guerreiro oferece ao homem uma nova vida, e essa vida tem de ser completamente nova. Ele não pode trazer para essa nova vida seus velhos e horríveis hábitos.

Todas as faculdades, possibilidades e realizações do xamanismo, das mais simples às mais espantosas, estão no próprio corpo humano.

Não há realidade sem tristeza e saudade, pois sem elas não há sobriedade nem bondade. A sabedoria sem bondade e o conhecimento sem sobriedade são inúteis.

Não despreze o mistério do homem em você, sentindo pena de si mesmo ou tentando racionalizá-lo. Despreze a estupidez do homem em você, compreendendo-a. Mas não se desculpe por nenhum dos dois, ambos são necessários.

As possibilidades do homem são tão vastas e misteriosas que os guerreiros, em vez de pensar sobre elas, escolhem explorá-las, sem esperança de jamais chegar a entendê-las.

Naturologia ao vivo na rede record.

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Médico do corpo e da alma


Médico do corpo e da alma

Americano de Wiscosin, David Frawley é a maior autoridade ocidental em ayurveda, a tradicional medicina indiana, que prega a necessidade de estarmos em harmonia com a natureza para sermos saudáveis. Nesta entrevista exclusiva em sua primeira viagem ao Brasil, o autor de 40 livros fala sobre cuidados com o corpo, a consciência e o meio ambiente


Por Lúcia Barros e Janaína Castro
Revista Cláudia - 02/2007

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Há alguns anos, o americano David Frawley estava em Bombaim para participar de um programa de pesquisa científica sobre ioga. Havia oito médicos alopatas indianos - e apenas ele representando ayurveda, a tradicional medicina da Índia. Aos 56 anos, o escritor, iogue, doutor em medicina chinesa e professor de filosofia védica Frawley - está acostumado com situações assim. Ele é o ocidental que mais longe chegou numa disciplina em que até os indianos são poucos: o conhecimento dos Vedas, antigas escrituras que datam de mais de 5 mil anos, registradas em sânscrito - língua da qual ele é tradutor. "Os Vedas fazem mais sentido para mim do que o The New York Times", diz o vaidya, médico de ayurveda, que fundou e dirige no Novo México o American Institute of Vedic Studies. Separado, um filho médico, Frawley - mora nas montanhas e leva uma vida simples, escrevendo e orientando seus alunos. "Curto passar o tempo na natureza. E minha casa é um templo: tenho estátuas, velas e ali faço rituais, medito para transformar o lar em um lugar sagrado." Ele é vegetariano e se exercita diariamente trabalhando no jardim e fazendo caminhadas ao ar livre. Em sua primeira visita ao Brasil, viajou a convite de amigos e com organização do Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda (Ciymam), de São Paulo. Visitou também Santa Catarina e Minas Gerais. E ficou encantado com nossas plantas.

Claudia - Como você explica a ayurveda para uma mente ocidental?
Frawley -Ayurveda é a medicina da natureza, literalmente é a ciência (veda) da vida (ayur). Não somos apenas um corpo, algo material, somos também uma consciência, aquilo que defino como a presença divina ou sagrada na natureza. Por isso, a medicina ayurvédica não se limita ao tratamento de doenças. Ela estuda o estilo de vida de cada indivíduo e examina se está em harmonia com o meio ambiente. Se não estiver, ela nos oferece ferramentas para entrarmos em contato com o poder de cura do Universo. É uma visão diferente da moderna medicina ocidental, que tem base química. Tirar amostras e testá-las no microscópio não é observar o ser humano como um todo. Isso não quer dizer que a alopatia não tenha seus muitos méritos - em procedimentos cirúrgicos, por exemplo, ela é extremamente boa. Mas a medicina ayurvédica possui um jeito de olhar para a pessoa inteira, levando em conta a sua energia vital. Queremos ajudar a pessoa a criar uma saúde melhor e não uma saúde que vem unicamente da doença curada.

Qual a maneira de desenvolver esse olhar por inteiro?
Cada indivíduo tem uma constituição característica, baseada numa combinação dos cinco elementos: éter ou espaço, ar, fogo, água e terra. Essas combinações dão origem aos doshas (espécie de biótipo), que são três: vata (regido por ar e espaço), pitta (regido por fogo e água) e kapha (regido por terra e água). Todos temos os três doshas e, em geral, um ou dois são predominantes. Mas as proporções não são fixas: mudam de acordo com as estações do ano e os estágios da vida, por exemplo. Ainda assim, nos servem de base para entender o indivíduo: alguns são leves, se movem rapidamente, têm muito frio e sofrem com ansiedade, características típicas de vata; outros são calorentos, têm a inteligência aguçada, ossatura larga sem serem gordos, características de pitta; outros ainda são pesados, vagarosos, muito emotivos e apegados a pessoas, características de kapha. As energias existentes diferem e temos que entender qual delas está presente em cada pessoa para então prescrever a dieta apropriada, o exercício adequado, a medicação e até a meditação individualizadas. Segundo ayurveda, o processo de doença se inicia quando nossos doshas entram em desequilíbrio.

Como é a consulta com um médico ayurvédico?
Fazemos uma análise completa da pessoa por meio de exames físicos e, como na medicina tradicional chinesa, testamos os diferentes pontos energéticos do corpo. Também checamos a circulação, a respiração, a dieta. Examinamos os olhos e a pele. Temos todo um sistema de avaliação sobre as energias presentes em cada um e como está o equilíbrio entre elas. Damos muita importância à entrevista com o paciente, realizando um estudo detalhado sobre seu estilo de vida e nos preocupando com suas emoções e sensações. É claro que muitos indivíduos consultam um especialista em ayurveda para solucionar uma queixa específica, mas há outros que nos procuram sem estar doentes: querem saber como melhorar a qualidade de sua rotina diária. Ayurveda também tem ferramentas para isso: ensina o paciente a viver em harmonia com seu dosha.

Podemos definir a medicina ayurvédica como preventiva?
Existem os dois lados: o preventivo e o de tratamento. Obviamente, prevenir é melhor. É mais prudente deixar sua casa segura contra incêndios do que apagar o fogo. Mas, se necessário, ayurveda também apaga as labaredas. Ela abrange todos os aspectos da medicina, também usa medicamentos químicos, só que não faz deles a primeira opção terapêutica. Nossa ênfase é sobre os remédios e métodos naturais. Isso inclui massagens, trabalhos corporais, aromaterapia, preparações farmacêuticas com ervas e minerais, meditação, dieta etc.

Que orientações ayurveda tem para as mães?
O mais importante é deixar que as crianças sejam crianças, dar a elas o próprio espaço. Deixá-las ao ar livre interagindo umas com as outras é melhor do que trancá-las em casa diante da TV. Nos filmes modernos, uma cena dura em média 20 segundos ou menos. Se o seu filho fica o dia todo vendo isso, não desenvolve a atenção, é hiperestimulado. Nos Estados Unidos, um terço das crianças está obeso e um quarto toma algum tipo de medicação regular, normalmente para distúrbio de atenção ou hiperatividade. No mundo natural, as coisas não acontecem tão rapidamente quanto na mídia, e sem esse estímulo constante as crianças acostumadas a ele ficam deprimidas.

Uma das preocupações mais comuns das mulheres é com o peso. Como ayurveda pode ajudar alguém que deseja emagrecer?
Ayurveda tem muitas sugestões para isso, como não comer antes das 10 da manhã ou após o pôr-do-sol. Uma das coisas que costumam causar aumento de peso é tomar bebidas geladas durante a refeição, porque a digestão depende do que em sânscrito chamamos agni, que vem a ser o fogo digestivo, responsável por queimar a comida. As bebidas geladas suprimem esse fogo. Por outro lado, se você tomar muita bebida doce criará uma sensação artificial de sede, sem saciá-la. Para quem quer perder peso, aconselho tomar durante o dia água quente com um pouco de pimenta, limão, canela e gengibre ou chás e sucos de frutas.

Como podemos aplicar ayurveda em nosso cotidiano?
Primeiro, vamos tentar nos entender como seres vivos. Nosso corpo é um produto da natureza. Então, qual é a alimentação natural para o organismo? Certamente não é uma lata de refrigerante ou um pacote de salgadinhos. Se quiser ter boa disposição, ter energia, você tem que tirar um tempo para si, um tempo para cozinhar uma comida saudável, para se exercitar, para meditar, para descansar, para entrar em contato com a natureza. Precisamos de atividades externas, nossa mente necessita de espaço. Se sempre ficamos presos dentro de uma academia, não vamos usufruir do prana, que é a energia vital presente no Universo; não vamos olhar para o oceano, as árvores, o céu. Você é o resultado do que faz. Tente fazer algo para melhorar sua saúde todos os dias. Quando estamos estressados, é bom tirar alguns minutos para uma respiração profunda - o que você pode fazer na sua mesa de trabalho. Uma das coisas que recomendamos também são massagens com óleos aromáticos, à base de sândalo, que acalmam e relaxam - e que você pode fazer em si mesma na hora do banho. E, se tiver alguma doença, não basta tomar uma pílula receitada pelo médico. É preciso encontrar maneiras de aproveitar melhor cada dia. Em resumo: aja. Um terapeuta não pode respirar por você, comer por você, viver por você.

Você diria que esse é o maior ensinamento de ayurveda?
Mais do que isso, o propósito dos Vedas, essa rica tradição milenar, é transmitir o dharma, que significa o exercício da virtude, a missão de vida de uma pessoa. O que só conseguimos se conhecermos a nós mesmos e o Universo. Do ponto de vista védico, o verdadeiro eu é o Ser Universal, que está presente em cada um de nós. O objetivo da sabedoria védica é mostrar o caminho que nos torna um só com o cosmo. Portanto, o sentido mais amplo do dharma extrapola o indivíduo, reside no desenvolvimento da consciência universal.

E qual é o seu dharma, a sua missão na vida?
É me dedicar à educação: ensinar, escrever, treinar as pessoas. Mas existem diferentes níveis de dharma - o familiar, o social, o profissional... Temos também o dharma de solidariedade com o meio ambiente, que hoje mais do que nunca precisa ser entendido e vivido. Esse dharma não se concentra só no ser humano, visa à preservação da natureza. Se estragarmos o que existe à nossa volta, como poderemos esperar que nós mesmos sejamos saudáveis? Saúde depende do ar, da comida, da água, do solo... Se eles estiverem contaminados, nós também estaremos. A saúde é um fenômeno planetário. A gente menospreza essa realidade quando pensa apenas no próprio interesse. Por exemplo, perseguimos um dharma pessoal e esquecemos as nossas crianças. Se destruirmos a natureza, o que vamos deixar de herança para a geração futura? Nossa atitude egoísta pode até ajudar a ganhar mais dinheiro hoje, mas o amanhã como fica? Então, o dharma diz respeito à preocupação com todas as formas de vida. Nós temos o nosso espaço, mas todo o resto também tem o seu - as plantas, os animais, o céu, o ar, a água... Ao perseguir nosso objetivo, não podemos violar o dos outros.

Você é uma pessoa religiosa?
Minha religião vem da natureza e do espírito que dela emana. Na Índia, toda montanha é sagrada, talvez porque as alturas nos aproximem da grande consciência universal. Acho que a religião é parte da vida no sentido de que precisamos reconhecer uma presença divina. Algumas culturas dão a essa presença uma forma, outras não. Nomes também diferem. Isso não importa. A sabedoria é entender que você não pertence a uma religião, todas as religiões pertencem a você.
Obras do autor já publicadas no brasil: Ayurveda e a Terapia Marma (Madras Editora) e Uma Visão Ayurvédica da Mente (ed. Pensamento)

  http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/saude